segunda-feira, 29 de julho de 2013

Os democratas e as minorias




Os democratas brasileiros, que integram diferentes partidos, classes sociais e correntes (liberais, petistas, tucanos, socialistas, comunistas), deveriam estar mais articulados entre si. Quem sabe até mesmo unidos. Por vários motivos, mas sobretudo porque a sociedade ganharia muito com isso.
Se assim fosse, seria mais fácil fazer a crítica política dos governos, dar a cada um deles a devida cota de responsabilidade e ajudá-los a sair do cerco em que se encontram. Daria para avançar na reforma política e no equacionamento dos problemas estruturais que rebaixam a qualidade de vida dos brasileiros. Seria possível caminhar firme para o saneamento da República e a instalação no país de uma democracia plena, aberta à participação popular e à sociedade civil.
O Brasil está hoje em um ponto de inflexão. Se os protestos de junho disseram alguma coisa foi isso: tudo precisa ser diferente a partir de agora. Se será, não dá para saber. Mas seria bom se pudesse ser. O país não vai bem. O discurso positivo dos governos é desmentido cotidianamente pelos fatos. Há uma sensação de urgência instalada na sociedade, ainda que não se tenha uma tragédia à vista.
Se uma crítica deve ser feita à Presidência é a de não ter tido a ousadia de chamar as forças políticas do país para uma negociação em alto nível. Ela falou em “pactos”, mas não propôs nenhuma pactuação. Defendeu a necessidade da reforma política, mas não propôs nenhuma reforma concreta. Ficou sem condições de produzir consensos, pois os detalhes de uma proposta de reforma é que podem agregar. Travou o debate, em vez de facilitá-lo. Ocorreu algo parecido com as medidas destinadas a reformar a Saúde: elas têm mérito e mais acertam do que erram, mas foram propostas de cima para baixo, sem mediações. O governo pode avançar no terreno, mas terá de reformular seu discurso.
A ideia de reforma política está posta já faz tempo. É um erro banalizá-la ou combatê-la. O país necessita de outro sistema político, com outras regras, outros vetos e incentivos. Os democratas não deveriam gastar energia para fazer elogios fáceis ao governo Dilma ou para criticá-lo de modo acerbo. Seu papel é anunciar as mudanças de que o país necessita. Não podem ficar em silencio, cada qual em seu canto, assistindo à desagregação do processo político e sem contribuir para que se aproveite de forma positiva o momento excepcional em que está a sociedade.
A eleitoralização do debate – a redução dele ao lengalenga primitivo de PT vs. PSDB – é inimiga dos democratas. Para eles, o melhor é que o governo Dilma seja capaz de administrar a crise. Tal como a presidente, os democratas acreditam na inteligência dos brasileiros. Por isso, não aceitam que o povo seja convocado para decidir o que quer que seja sem que possa discutir. Se a intenção é fazer uma consulta popular que forneça o espirito de uma reforma democrática, o debate público é essencial. Não ocorrendo, a decisão será por palmas ou vaias, ao sabor da força sedutora de lideranças e campanhas publicitárias. Por ter inteligência, o povo quer espaços de reflexão, diálogo e debate democrático.
Uma reforma política feita com debate público e participação popular é a joia da coroa. Não se deveria estragá-la.
A articulação política dos democratas seria decisiva, também, para que se enfrentasse o problema das minorias. As maiorias avançam, fazem sentir sua voz e se democratizam. Mas o que fazer com as minorias, como assimilá-las, respeitá-las, atendê-las, e enfrentá-las se necessário for?
As minorias são, por princípio, merecedoras de toda justiça social. Algumas lutam por identidade e reconhecimento. Outras querem mais espaço e mais oxigênio. São como o sal da terra: estão aí para que as maiorias lembrem que desigualdades, injustiças e diferenças existem e precisam ser enfrentadas.
Mas o que fazer com as minorias do mal? Com aqueles, por exemplo, que deformam a política do confronto de ideias para estigmatizar os que pensam diferentemente deles, valendo-se de discursos hiperbólicos para jogar grupos contra grupos, taxando uns de “elitistas” e outros de “amigos do povo”?
Uma categoria muito pior é a dos que se agrupam para pressionar e humilhar as maiorias, ou pessoas que integram as maiorias. Orgulham-se de si próprios porque acham que é assim, com violência, que “a história avança”. Não querem confluir para nenhuma maioria, porque acham que as maiorias são passivas e “dóceis”. Infiltram-se no meio das multidões para desmoralizá-las. Usam máscaras porque precisam de identidade, o que é paradoxal.
Mascarados que batem e quebram não são progressistas. Nem muito menos radicais da democracia. Porque democratas radicais não agem às escondidas, na calada da noite. Não humilham e nem coagem trabalhadores. Não usam da violência, sequer da verbal. Não usam máscaras, pois não são clandestinos de si próprios.
As minorias do mal não serão vencidas com cassetetes, balas de borracha ou prisões. O único jeito de confrontá-las é com a inteligência e a firmeza do gestual dialógico. Hoje é tempo de assimilar os que se apresentam como exterminadores vindos do futuro mas têm raízes nas terras ancestrais da humanidade primitiva. Só a democracia pode isolá-los.
Os democratas sempre querem defender, ampliar e revitalizar a democracia. É o que os une. No Brasil, isso passa pelo reconhecimento de que o sistema existente atingiu um ponto de saturação e esgotamento.
Os democratas não são da situação nem da oposição. Estão nas ruas e nos palácios. Não aceitam a indigência teórica das oposições, sua mesquinhez e seu alheamento em relação às exigências da hora presente. Também não aceitam a arrogância e a paralisia propositiva do PT e do governo, sua recusa de assumir a coordenação política do país.
Os democratas estão por aí e deveriam demarcar com clareza sua presença. [Publicado em O Estado de S. Paulo, 27/07/2013, p. A2].

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Esquerda democrática, militantes e legados



Vale a pena explorar o efeito e a relevância que as teses democráticas de Armênio Guedes tiveram para a sociedade, a esquerda e a política brasileira
São Paulo, agosto 2010

Se o melhor comunismo -- democrático, de massas, flexível e politicamente lúcido -- pode ser simbolizado por algumas pessoas, Armênio Guedes ocupará lugar de destaque entre elas. Eis alguém de quem me orgulho de ser amigo. Quando o conheci, em 1980, ele era um experiente quadro do PCB. Fizemos juntos o jornal Voz da Unidade, ao lado de companheiros saudosos como Gildo Marçal Brandão e David Capistrano da Costa Filho, e de tantos outros.
Hoje, aos 95 anos, Armênio continua ativo e exibe a mesma lucidez política daqueles anos.
Por tudo o que ele simboliza e pelo papel que teve na elaboração democrática dos comunistas, Armênio é uma fonte e uma referência para o estudo crítico da política brasileira. Trata-se de uma lenda viva da esquerda comunista. Figuras como ele são imprescindíveis nesses tempos difíceis que atravessamos.
Saúdo com entusiasmo, por isso, o belo artigo que Luiz Sergio Henriques escreveu no Estadão  de hoje a respeito dele. O texto serve, também, como registro e apresentação do livro biográfico preparado pelo jornalista Sandro Vaia (Armênio Guedes. Sereno guerreiro da liberdade. Barcarolla, 2013). Um título que diz muito sobre o personagem.
Luiz Sérgio, que é um escritor de fino traço e uma das mentes mais arejadas e rigorosas da esquerda brasileira, faz uma bela homenagem ao legado de Armênio. Não se trata de louvação ou apologia, mas de diálogo crítico. Como não poderia deixar de ser, explora o efeito e a relevância que as teses democráticas de Armênio tiveram para a sociedade, a esquerda e a política brasileira, não tanto para o PCB em particular, pois o partido nem sempre soube ou teve como assimilá-las plenamente ao longo do tempo. Como Armênio participou intensamente da história política brasileira e acompanhou as principais discussões da esquerda no século XX, seu modo de fazer e de pensar política é pedagógico, carrega muitos ensinamentos e sugestões preciosas.
Como observa Luiz Sérgio, o livro de Vaia “convida simultaneamente a uma reavaliação do passado e a uma tomada de posição no presente” -- esta última sempre difícil, tensa e parcial. Legados importantes ajudam muito, ainda que não resolvam as dificuldades. De algum modo, fornecem-nos parâmetros para a abordagem dos “problemas um tanto opacos do presente”, especialmente opacos hoje, aliás, porque nos movemos num mundo em que a virtualidade se tornou real, reinventa a humanidade mesma do homem e difunde discursos e linguagens polissêmicas o tempo todo, sugerindo sem cessar a imagem de que a democracia pode ser vivida sem mediações institucionais ou organismos estáveis de representação. A ideia de que se tem aí, ao alcance da mão, uma “ágora eletrônica”, de que basta abrir espaços para que a população se manifeste e indique o rumo a seguir, de que toda crise é uma oportunidade de avanço pela esquerda, mesmo que sem projeto coletivo — essa ideia contém muito de incerteza, risco e romantismo, ainda que também de virtude. Para que a virtude prevaleça sobre a incerteza, a leitura realista das possibilidades abertas pela democracia e pela conflitualidade social é essencial.
O fato de se ter, hoje, de fazer política com outros ingredientes torna indispensável a apropriação crítica da história e dos legados. No mínimo para que não se percam os fios da história, mas também porque tudo, no fundo, é construção dialética: inovação, incorporação, superação.
Como escreveu Luiz Sérgio, “o caminho da fidelidade às regras do jogo democrático, como poderia ter sido em 1964 e como se patentearia nos anos da resistência, continua a ser a via mestra das mudanças substantivas, sem aventuras ou saltos no escuro. No velho PCB, em circunstâncias muito mais difíceis, pôde germinar um reformismo como o de Armênio Guedes. A esquerda hegemônica, hoje, está desafiada a fazer o mesmo”.
O artigo pode ser lido na íntegra aqui.  

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Minorias do mal



As maiorias avançam, se internacionalizam e se democratizam. Mas o que fazer com as minorias?

Elas são de muitos tipos. Na maioria, são merecedoras de toda a justiça social possível. Muitos estão somente lutando por identidade e reconhecimento. Outros querem mais espaço e mais oxigênio para respirar.
Desse ponto de vista, as minorias são como o sal da terra: estão aí para que as maiorias lembrem que desigualdades e diferenças existem, e existirão sempre.
Mas o que fazer com as minorias do mal?
Com aqueles, por exemplo, que deformam a política do confronto de ideias para, em nome da intransigência, difamar os que pensam diferentemente deles, jogar grupos contra grupos, taxando uns de “conservadores e elitistas” e outros de “amigos do povo”? Essas minorias vivem da estigmatização alheia e não é por acaso que seu vocabulário, seu discurso, seu texto, são invariavelmente hiperbólicos, adjetivados, raivosos e ressentidos. Não falam “discordo de você”; preferem dizer: “não aceito essa tua deslavada e sórdida mentira, seu reacionário vulgar”. Acham que isso é fazer crítica.
Entre as minorias do mal, uma categoria pior é a dos que se agrupam para prejudicar, quebrar, pressionar e humilhar as maiorias, ou pessoas que integram as maiorias. Orgulham-se de ser assim porque acham que assim é que “a história avança”. Não querem confluir para nenhuma maioria, porque acham que as maiorias são passivas e “dóceis”.
Os black-blocks, por exemplo: o que fazer com eles? Não são de esquerda, agem com táticas fascistas, infiltram-se sibilinamente no meio das multidões para desmoralizá-las. Dizem-se libertários, anarquistas, mas nada conhecem da gloriosa história do anarquismo. Ressignificam seus símbolos e seu discurso porque precisam de uma identidade, com a qual paradoxalmente não se identificam de verdade.
E quanto aos mascarados que, como meliantes comuns, invadem reitorias (a da Unesp, por exemplo, em São Paulo) para pressionar os funcionários, agindo como se fossem patrões sem alma ou investigadores fascistas? O que fazer com eles?
É patético quando se ouve dizer que esses mascarados são de esquerda, ou progressistas, ou democratas radicais. Não são. Porque pessoas de esquerda e democratas radicais não agem às escondidas, na calada da noite. Não humilham e nem coagem trabalhadores. Não usam da violência, nem sequer da verbal. Não usam máscaras, nem vivem clandestinas de si próprias.
Não dá para dizer que manifestantes assim precisam ser tolerados porque são jovens estudantes que "não sabem bem o que fazem" pois estão movidos a hormônios. Até porque, por trás das máscaras, não dá para saber o que de fato se oculta.
Não acho que tenham de ser tratados com cassetetes, balas de borracha ou prisões. De modo algum. Entre eles há o que antes se costumava chamar de “inocentes úteis”, que precisam ser respeitados. Repressão não ajuda em nada.
Eles barbarizam com sua estética copiada de filmes norte-americanos e sua agenda maximalista mal ajambrada e insensata. Mas o único jeito de confrontá-los é com a palavra, com mais democracia e com um gestual dialógico. Hay que endurecerse pero sin perder la ternura jamás!”.
Nos anos 60, os hippies falavam em "fazer amor, não a guerra". E, durante todas as últimas décadas, rebeldes de tipo variado estenderam flores aos soldados e policiais mobilizados para confrontá-los.
Hoje é tempo de estender flores a esses que se apresentam como exterminadores vindos do futuro, mas cujas raízes estão nas terras ancestrais da humanidade mais primitiva e atrasada. Isolá-los com flores e política democrática.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

O pacto pela Saúde como oportunidade



Pactos exigem generosidade e disposição para o diálogo. Os inflexíveis e os intolerantes, os que não cedem em seus privilégios ou no modo de pensar, os que não aceitem sair da zona de conforto, os que acham que crítica é má-vontade  –esses se auto-excluem de qualquer pacto, estejam eles no governo ou entre os médicos.

Aproveitei que ontem os médicos fizeram uma passeata de protesto em São Paulo e não me deixaram chegar cedo em casa para procurar alguns amigos e conversar sobre as propostas do governo para melhorar a saúde. São amigos médicos: dois sanitaristas e um cardiologista. Foi uma conversa de bar. O cardiologista estava na passeata e nos encontramos no Largo de S. Francisco, onde terminou o protesto da categoria e que fica ao lado do IPPRI, onde eu estava. Os sanitaristas estavam por lá e foi fácil nos reunirmos.
O papo me fez muito bem. Sai dela com mais elementos para pensar no assunto, ainda que continue confuso.
Acho que as propostas do governo têm mais virtudes que defeitos. Pecam por uma grave falha de procedimento e de comunicação, o que vem facilitando sua rejeição pelos médicos. Os que são contra estão traduzindo a proposta na chave imposição/obrigatoriedade. Fecham-se para o lado generoso das medidas, que visam disseminar o atendimento médico básico e fazer com que mais profissionais cheguem aos rincões do país. O governo, por sua vez, erra por não ter preparado o ambiente e por estar enfiando pela goela dos médicos algumas coisas que precisam ser bem explicadas. E que não podem ser nem explicadas e nem compreendidas em ritmo de passionalidade intensiva ou de busca da legitimidade perdida. Ambas essas atitudes menosprezam a gravidade da situação.
Não é toda hora que um governo é obrigado a dar prioridade para uma política estratégica como a Saúde. E se o governo atual está fazendo isso, o certo seria pegar carona na sua proposta e fazer de fato um pacto sanitário no país. Por favor, estou falando em “pegar carona”, não em aceitar o que o governo propõe. Trata-se de aproveitar a deixa para reformular as estruturas mentais que prevalecem entre os médicos, alterar procedimentos, mudar as regras do sistema, fazer com que a melhore a qualidade da gestão da saúde.
Tipo assim: juntar representantes de todos os interesses num amplo fórum de discussão para, no curto prazo, desenhar uma política de ataque emergencial ao problema.
A saúde da população merece. Um fórum é factível.
A substância da nova política que poderia nascer de um pacto nacional implica que os médicos admitam se sacrificar. É errado, feio, ética e politicamente desastroso que eles rejeitem o sacrifício – que, diga-se de passagem, nem será tão grande assim, pois receberão uma bolsa para trabalhar nos rincões e sairão de lá mais ricos em experiência e em formação humanista. Ao rejeitarem o sacrifício, agem como elitistas, imagem sedimentada na população e que eles parecem não fazer questão de desmentir. Os argumentos que têm sido apresentados para fuzilarem as propostas são ruins.  Não estão sendo bem formulados e surgem, aos borbotões, sem muita racionalidade.
É falsa, por exemplo, a tese de que médicos só podem funcionar bem se houver infraestrutura adequada. Na maior parte do país não há infraestrutura médico-hospitalar, mas não é por isso que se deixará a população sem atendimento, certo? A presença do médico num rincão qualquer é valiosa e o que se pode esperar dele é que seja o construtor da infraestrutura. Os cursos de medicina precisam pensar nisso, escapar da lógica atual do atendimento, baseada em exames e medicamentos. Estamos muito necessitados de uma medicina pé no chão. Essa é a perspectiva dos sanitaristas, que estão sempre na vanguarda da saúde pública e vêm muito mais longe, porque são treinados para isso e porque têm especial sensibilidade. Essa também é, ou foi, a filosofia do SUS.
O governo federal é o grande ator das políticas públicas postas em prática pelo Estado brasileiro. Tem poder para dar e vender. Tem poder de agenda e poder de atração. Tem recursos financeiros, quadros técnicos, capacidade de contratar gente e de mexer em fatores estruturais.
Mas não é porque tem todo esse poder que o governo pode tudo. Ele não pode, por exemplo, atropelar os interesses e oprimi-los com decisões despejadas de cima para baixo, porque isso não é democrático e porque não funciona. Sua agenda não pode ser eleitoral ou visar somente a produzir legitimidade. O governo deve ser um agente do confronto de ideias, um promotor de novas plataformas éticas. É confrontando ideias velhas ou equivocadas que ele pode fazer com que se esclareçam as coisas. E, assim, que se formem consensos para que se reforme a saúde, por exemplo.
Um pacto exige generosidade e disposição para o diálogo. Os inflexíveis e os intolerantes, os que não abrem mão de privilégios ou não cedem nada no modo de pensar, os que não se dispõem a sair da zona de conforto, os que acham que toda crítica é má-vontade ou agitação – bem, esses se auto-excluem de qualquer pacto, estejam eles no governo ou entre os médicos.
É uma boa hora para pensar o futuro e construir as bases de um efetivo pacto pela saúde. Os interessados – médicos, faculdades de medicina, estudantes e governo, profissionais da saúde – devem ter maturidade, espírito de sacrifício e disposição de luta para que não se perca uma oportunidade que caiu do céu. Que se atirem nessa direção, sem ideias preconcebidas e sem intransigência.